Zambê

Lidar com a palavra poética é, muitas vezes, acompanhar o clarão de uma idéia – exata e perfeita como eco de tambor na pele de um “peixe vivo”- que surge do caos/caldo do nosso inconsciente, para os espaços e tempos fluídos do pensamento, e nas situações mais inusitadas. Depois desse toque, a tarefa é desenrolar, se for capaz, o fio dessa inspiração que passa a ser, na maioria das vezes, “suação”, “doce piração” ou “a luta mais vã”, nessa tentativa de descobrir e continuar a traduzir poeticamente,  o que mais se oculta nesse possível iceberg. É assim que compreendo e vivo, quando tenho essa graça, o processo de criação: depois do rufar longínquo de algum tambor, o trabalho “braçal” na mais rica, densa e misteriosa  das matérias, a palavra poética.